segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Quando derretemos o sol

Na varanda, as carícias na rede
Bocas que se provam
Entre risinhos e gemidos
O sol esquenta o que já ferve.

Cheiro de doce apimentado
Seu corpo me revela
A provocação no roçar das coxas,
E o prazer já não é desejo

O sal que a língua procura,
Se derrete no calor da pele
Em brasas.
O sol que já nem sentimos, esfriou.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

À tua espera

Perfume de lavanda pela casa
Na sala o som do blues
A taça antes rubra, agora vazia
O cetim vermelho amassado pela ansiedade

A espera.

Na cama a falta
E eu querendo tirar teu sono
Estou pronta mas você não está
Fosse esta noite a última vez...

sábado, 16 de agosto de 2008

Farol de Alexandria

Quero a luz, somente a luz.


As luzes são cegantes
Mas eu preciso que me infiltrem
Feixes de luz passando por mim e levando
O que em mim há de terror

Então que eu possa morrer e renascer
Quantas vezes for preciso
Que meus ideais e pensamentos não sejam mais como estão
Mas que venham de outro lugar

Da casa dos anjos, onde mora o vento
Lá de onde emana a luz
Ofuscando todos os males, servindo de guia
Como um Farol de Alexandria

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Recado para aquele

Aos amores que me entrego
Dedico a eles meus dias e minha arte
Tudo à minha volta tem de mim uma parte
Na decisão tenho a força de ser
Sendo eu
Posso escolher

As escolhas são minhas
Se faço o que quero é porque decidi
Que assim será do meu jeito, o certo
Do seu jeito eu posso escolher o que mais me apraz
Mas não vou fazê-lo
Não mais!

Se quero doce, dizes salgado
Se quero afeto, escolhes amargo
Já não tenho tempo para ti
Mandei ir embora e assim mesmo voltou
Misericódia, Senhor!

domingo, 3 de agosto de 2008

Cromática

Cromaticamente me insinuo
na tela onde tudo se colore,

Rajadas vermelhas como o amor
Quero tudo representar,

Contrastes meteóricos e explosivos como
As cores misturadas dos meus sonhos.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A vida se revela

Das horas mortas
O que me resta
É ver que ganhei em perder

Das incertezas
Não quero mais saber
De todas elas, vou me livrando

A vida, me observa e se revela
Aos poucos, vou escrevendo
Em suas páginas ainda em branco

domingo, 13 de abril de 2008

Numa pesada nuvem

Sentindo o calor um do outro
Sou meus sentidos
Todos alterados

Tudo é liberdade e lentidão
Sem querer você me leva
A uma nova dimensão

Esse é o momento perfeito
Em uma pesada nuvem, entramos
Na humidade e calor concentrados

Vamos além

sábado, 29 de março de 2008

Flamboyant

No céu de fim de tarde,
Rápidas nuvens brancas e flamboyant.
Aqui dentro as emoções permanecem inalteradas,
Ventá-las como ventam as nuvens, quisera eu.

Evaporá-las, e depois em líquido
Jorrá-las como se fossem champagne em uma taça.
Oferecendo a você com um sorriso;
De ti vieram, a ti as devolvo. E me vou.

Blues Singer

Essa noite quero andar por aí
Usando um batom vermelho
Rasgar a voz cantando algum blues
Fumaça de cigarro e gelo seco

Solos de guitarra à meia luz
O vestido colado no corpo suado
Vivendo o momento, sentindo a vibração
"Yeah baby, baby, you make me feel..."

Pensando em você, interpreto essa canção
Terminado o show, recebo os aplausos
Ganho meus trocados e pé na estrada
Em qualquer hora antes do nascer do sol

sábado, 22 de março de 2008

Sobre a noite e a procura

A noite me dissipa
Escuridão e emoções se tornam um
Já longe do dia
Quero a força do sol

Apenas busco em mim
O que outrora foi frescor
Quero encontrar a chama
Perpétua, inabalável

Encontrar a real beleza
Ver a pureza escondida sob a ferrugem
Quero vê-la, tocá-la
E guardar em mim o poder desse encontro

domingo, 16 de março de 2008

Escape

Lá vinha ela, com as sandálias de salto fazendo 'toc toc' bem alto a cada passada. Todas as noites era a mesma coisa, colocava a calcinha mais bonita, hoje seria a de renda preta. Pra finalizar, algumas gotas de Escape, seu perfume preferido, nos pulsos, no pescoço e nas coxas. Sob a luz vermelha da marquise, vinham pra ela os mais diferentes tipos, diferentes sotaques e jeitos de tratá-la. Alguns eram frios, uns eram mornos, outros vinham com fome, a fome desses ela podia sentir entre suas pernas. Depois de tudo, vinha a sensação de nada a se fazer e de nada pra se arrepender.
Seu hobby era recortar dos jornais e revistas, qualquer figura sobre países estrangeiros, quanto mais longe melhor. Japão, Alemanha, Hawai... Enquanto retocava o batom no espelhinho de bolsa, pensava em parar. Mas outra noite se passava e não tinha como cessar com aquilo, era como se tivesse nascido assim, esse era o papel pra ela cumprir. Numa dessas noites, conheceu um francês. Muitas transas e champagne, e depois uma viagem à Paris. Ele se apaixonou, quis voltar e morar com sua fleur no Brasil. Ela nunca mais foi vista.

Trancinhas negras

Quero tudo agora
E quero já,
sem queixas, sem esperas.
Quero atenções de quem já não tenho,
Quero o gosto do que se foi.
Ah! Não quero mais lágrimas que me sufocam,
Ao contrário disso.
Quero o riso que sempre foi meu.
Queria os cabelos negros dele entre meus dedos,
e nele fazer trancinhas só pra desfazê-las depois.
Como de um cavalo, solto e selvagem.
Trancinhas negras do meu amor indomável, e risos e beijos depois.
Quero mesmo, quero tudo e quero já.

Beijo da flor

Na flor de azaléia
Gota d'água a escorrer
Nacarada arco-íris
Passarinho vem beber

Seu beijo vem de longe
O vento trás pra mim
Nas asas do beija-flor
Cheirinho de jasmim

Azul-horizonte cor do céu
A noite vem caindo
Prateadas estrelas
Devagarzinho vem surgindo

Tic-tac

Mais um dia se passa
Tic-tac
Cinco horas da manhã
Ônibus, multidão, moeda no chão
Correria, trabalho, telefonema
Tic-tac
Meio-dia
Lanche rápido, cafezinho, conversinha
Tic-tac
Seis da tarde
Tchau pra todos, vou pra casa
Pôr-do-sol, ruas cheias
As luzes dos postes se acendendo
Tic-tac
Dez da noite
Banho demorado, toalha felpuda, beijo de boa noite
Ufa!
Amanhã tudo recomeça.

O fio do tempo

No tear que o tempo usa
O fio do tempo passa por mim
Passa por todos

Sinto tudo ao redor
As horas invadem meu coração
Me enchem de duro esperar

Quem tece o tempo?
Por quais mãos ele escorre?
Nada sei e tudo vejo passar

No tear que o tempo usa
Quem o tece, tudo vê
Tudo sabe e sabe esperar

Até Vega e além

Não ter você comigo me esvai
Algo em mim se perde
Como se fosse ao encontro das estrelas
Se me perco que seja belo

Pegava a estrela mais brilhante
Vega ou Polaris seriam minhas
O brilho delas seria meu
Por um instante me transformava em estrela

Te ofuscando me fazendo ver
Mostrar todo meu brilho
Para os seus olhos somente seria
A magnitude estelar negativa